VAZIO
A mulher carrega a imensa solidão de Eva.
Desde lá, a carência é profunda.
Mas não se pode deixar de ver
a mulher em todas as mulheres.
Basta um olhar intenso
para sentir o sentimento ontológico.
A mulher não trai, apenas tenta perdoar-se da maçã.
Basta um toque suave para começar a “febre terçã”.
Como entender tamanha abertura à vida e
tamanho desejo do infinito eterno absoluto?
Como aceitar tamanha diferença de ser?
Como querer tê-la e deixá-la ir, sem luto?
Num outro nível de realidade segue a mulher
à procura de um companheiro solidário:
Que lhe veja de olhos fechados
Que lhe perceba os cheiros
Que lhe coce a nuca e lhe mame os peitos
Que lhe toque as partes e lhe perdoe os gritos
Que lhe massageie os pés
Que lhe beije os lábios
Que lhe deixe sonhar
e lhe permita ser mulher,
sem deixar de cuidar.