6 amores purulentos
necroses (6 amores purulentos)
sepulcro sacro refúgio
da flor que aflora no luto
pouco se diz
afora que seduz
quem no escuro tumular reluz
é essa hora que nunca chega
que quando chega já é tarde demais
no último raiar do ponteiro
zumbis à espreita nas ruas
tez carcomida, olhos vidrados
sem voz, coração aos farrapos
esfomeiam olhares
ébrios de agruras
sortilégios sortidos
sorveram almas sórdidas
como sorvetes vertidos
com gula e sacrilégio
rastejam e pululam vermes
fartando-se de feridas
expostas e repartidas
por lobos em cordeira derme
pequenas vozes cansadas
quedam roucas silenciadas
abaixo d'alta sombra do Parnaso