“Je est un autre”
( Arthur Rimbaud)
Que a pétala escureça ainda mais a noite,
a afunde,
que pesadelos mais infames, rebentem,
(I)
e dos desejos, medos,
que terminem com a poesia,
a insepulta, num promontório longe.
(II)
Quantas vezes são as vezes que escrevo
contra aquilo de que me lembro,
e das vezes que o amor e a morte intervêm,
o tempo também,
sei que alguém me pensou, nenhures.
Se Orfeu para trás olhar, perdendo-se,
ou o eu que um outro seja,
falando, escutando,
em palavras que se imolam sem piedades,
(III)
topázios amarelos reproduzem-se,
nas entranhas da terra,
jaz o poema, amarrotado,
putrefacto.