Hoje já não me assustam as trovoadas,
ribombando como canhões na guerra,
as palavras esquecidas, sim.
Faz-me falta o esquecimento das palavras,
que vãmente, um dia quis esquecer.
(I)
Dos turbilhões contínuos, tropéis descontrolados,
cavalos loucos no cume de adamastores,
rebentam aloés, que se regozijam
neste tártaro repleto de titãs em
entranhas que apodrecem.
(II)
Quão longe sobrevivam, silenciosamente,
(III)
pelo grito do náufrago em alto mar,
pelos sonhos longínquos que o nevoeiro esconde,
as palavras, que um dia ouvi, repetidamente repentinas.
(IIII)
Hoje já não me assustam as trovoadas.
"Forfante de incha e de maninconia,
gualdido parafusa testaçudo.
Mas trefo e sengo nos vindima tudo
focinho rechaçando e galasia.
Anadiómena Afrodite? Não:"
("Afrodite? Não" Jorge de Sena)
Textos de Francisco Duarte