Avô Amaro (1877-1955) Sentava-se o avô no cantinho da sala, a sós, silencioso, a meditar, as mãos esguias pousadas na bengala, o rosto sério e perdido o olhar…
Que pensava o avô, que sonhava afinal, naqueles fins de tarde de soturno novembro? Eu ia ter com ele e lia-lhe o jornal, e ele me escutava feliz, de riso terno…
De quando em vez uma gota ligeira Deslizava serena no seu gosto sardento: «Que saudades que tenho da minha companheira! Que saudades sem fim, eu tenho de outro tempo!»
Eu ouvia o avô e o avô sorria sentado calmamente no cantinho da sala, escutava o que eu lia e tudo comentava.
O avô foi embora numa tarde tão fria; Deixou a recordá-lo a velhinha bengala e a cadeira vazia onde ele se sentava.
Maria Helena Amaro Dia dos Avós outubro, 2008 Publicado no jornal “Diário do Minho” em julho de 2009
Nota: O Dia dos Avós festeja-se no dia 26 de julho
Lindo seu poema. Lembrou-me de uma cadeira que meu pai costumava sentar na area de casa, e que ficou muito vazia quando ele se foi... Linda sua descricao, e seu sentimento. Avos deveriam ser PARA SEMPRE. Beijos ~Mary~