Como um grito, o Espírito soou,
e a Alma-fria,
rodou em torno de mil imagens,
memórias-sem-sentido.
- Tudo - de súbito - tão falso! -
Correm-me estilhaços no sangue,
vidros d'um espelho que quebrou!
E a Vida, de repente, já não serve,
sobra em mãos fechadas
que apertam um inútil Coração.
- Meu inútil Coração! -
Haverá ainda Esperanças em qualquer parte?!
Desce o medo como ave imensa, solitária
que escurece a Alma, pousada, imóvel,
fria, estática, à beira do momento ...
- ... fico trémulo! -
Gelado encontro gerado um dia
no ventre de minha Mãe!
Fria-nostalgia, horas-de-Poesia,
presságios d'outro Tempo,
doer-de-não-razão ...
Que razão terá?! Terá razão?!!
- Terra-do-não onde habito sem sentido
ou margem de esquecimento! ... -
Ricardo Louro
no Rossio de Lisboa
Horas - breves de prolongada interrogação onde mil imagens nos escorrem os sentidos ... libertação afinal!
Ricardo Maria Louro