Dia da criança (Victor Motta)
Luzes nas ruas, risos, cores,
brilho das vitrines em festa.
Um carro, vestido novo, um trem.
Gente que passa e não presta
atenção nos que ficam à margem
do encanto das luzes,
no espanto do menino
que erra sozinho,
perdido na cidade.
Que fere, maltrata
e destroi com maldade
os sonhos de criança.
Que rouba no berço
o carinho da mãe,
que cedo levanta
e tanto trabalha,
escrava submissa do asfalto
,
alheio e sem dó
de seu filho, tão triste
e tão só.
Com sua vozinha, fraca,
e cansada,
fica nas ruas perdido
a pedir por presente
apenas um dia só seu;
pois não sabe, afinal, distinguir,
como alguém, que com fome
cresceu,
nos anuncios das lojas
que gritam e proclamam
que ele também é criança
e esse dia é o seu.
Livre-pensadora, livre-sonhadora