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COISAS QUE NOS ASSUSTAM

 
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COISAS QUE NOS ASSUSTAM

Muitos escritos são como palavras que vem subindo pelas laterais de um calabouço lúgubre e escuro existente na nossa alma, e de onde não se vê a saída lá de baixo, de tanto tempo que ele foi construído, embora a gente saiba que ele existe e que influência a nossa vida diariamente.

É o desterro para onde vão as nossas mágoas, as nossas frustrações, as nossas decepções, a nossa vergonha de algo que fizemos, a vergonha de algo em nós, a culpa, a nossa insatisfação com as coisas, o sensualismo exacerbado, o nosso sentimento de solidão, os perdões não dados ou desejados, as frustrações afetivas e tantos outros sentimentos negativos vão tudo sendo acumulados neste porão sem luz.

É lá o sumidouro aonde vão tudo isso.

Mas o pior é que estes sentimentos não vão ficar lá sem influenciar a nossa vida, muito pelo contrário, eles vão ter influência direta no nosso dia a dia.

Nós vamos enchendo este calabouço destas coisas ao invés de solucioná-las, ao invés de dedicarmos um pedaço do nosso tempo para filtrá-los, para nos perdoarmos, para pedir desculpa para quem magoamos, mas não, vamos mandando, simplesmente, todos estes sentimentos do jeito que eles bateram em nós, para lá.

Temos que ir em frente em nossa vida e quanto mais leve fossemos, melhor seria para a nossa caminhada, mas caminhamos , muitas vezes, carregando correntes pesadíssimas que só nos atrasam e ficamos patinando, amarrados que estamos, nas vibrações que são exaladas lá deste arcabouço.

Em pequeno tempo que poderíamos dedicar no nosso dia a dia, que seja uns dez minutos, entre o final do dia e o começo da noite, naquele momento que parece que a natureza também dá o seu tempo, que pode ser no pátio do nosso prédio, num caminhar, no regar as plantas, apreciando a chuva, a lua, ou, simplesmente, parando, sem televisão, sem computador, sem nada que venha conflitar a nossa mente.

Neste pequeno momento poderíamos filtrar o nosso íntimo, assim como a água suja que por mais podre que seja, depois de alguns processos de decantação, acabam saindo do outro lado novamente pronto para bebermos, assim poderia ficar o nosso íntimo para o próximo novo dia.

Muitos são muito exigentes consigo mesmos, deveríamos nos perdoar mais. Quando nos perdoamos, aprendemos também a perdoar os outros.

Quando perguntado sobre o seu desempenho dentro dos palcos, Marcos Nanini respondeu que o principal é “não ter medo do ridículo e se jogar no abismo, pois, afinal, quem não é ridículo não é mesmo?” , ele disse rindo.

Dei mancadas monumentais na vida e as pessoas até hoje citam e dão risadas, mas fazer o quê?

O Jô sempre diz que nunca conheceu uma mulher que não precisasse emagrecer dois quilos, mas do nosso mundo anímico nunca falamos, mas dele também precisamos tirar pesos que vão se acumulando neste calabouço e tornando pesados os nossos dias.

E o pior é que nesse calabouço é onde jogamos tudo o que, na sua superação, nos tornaríamos melhores. Neste calabouço ainda está aquela vergonha sofrida lá na adolescência, você pode ter certeza. Ela ainda está ali quietinha e nós com medo que alguém a note.

Aquilo que não vencemos passa a ser dono de um naco da nossa vontade.

Quantos de nós não passamos a representar um arquétipo que criamos para nós e onde fica escondida por trás, em segundo plano, a nossa própria verdade ou vontade.

Às vezes pela vida inteira.

Na jornada da nossa vida podemos comparar, que ao deixarmos algum sentimento mal resolvido para trás, a construção de todo o nosso futuro pode ser influenciado por ele, como é na formação de uma pérola, onde um minúsculo grão de pó que entra na ostra provoca todo o processo da construção da pérola, que não é nada mais do que a defesa criada contra aquele mal.

A pérola, que pode ser de baixa ou alta qualidade, é o resultado da defesa da ostra.

E nós também começamos a criar em cima daquele sofrimento, daquela grande frustração, daquela decepção amorosa, talvez ocorrido ainda lá atrás, a decênios, toda a nossa estrutura.

Fomos construindo a nossa vida em torno daquela vivência forte que tivemos e assim como as ostras também fomos construindo crostas em cima daquele mal, que se instalou na nossa alma, e conforme a qualidade deste, ele vai determinar a qualidade da nossa perola, que no caso, é a nossa vida.

Decepções são grãos de areia aonde são construídas muitas vidas que viram perolas imperfeitas, amarguradas, sofridas, solitárias.

Não adianta termos um brilhantismo de pensamento sem igual, se a pedrinha lá na origem continua sendo um fato mal resolvido, parte da nossa felicidade vai faltar.

Não podemos viver sem amor e afetividade, não podemos ignorar a qualidade dos nossos sentimentos, que são muito mais determinantes para a nossa felicidade do que a inteligência, simples e fria, ou o sucesso material.

Amar a natureza, amar os animais, amar os seres humanos, amar a Verdade, amar ao Criador, para quem é devoto.

E “amar o próximo como a nós mesmos”, pois a melhor pedrinha, que pode formar a melhor pérola, ainda é o amor, não só o amor por uma pessoa, mas o amor pelas coisas, o amor pela vida.

Em torno de qual pedrinha nos enroscamos e construímos tudo o que somos?

Será que não está na hora de a extrairmos?

"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis v. Sass – www.graal.org.br

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"A felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo" Roselis von Sass - www.graal.org.br

 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/10/2012 02:40  Atualizado: 12/10/2012 02:40
 Re: COISAS QUE NOS ASSUSTAM
Eu havia escrito um longo comentario a essa cronica, ai
sem querer cliquei algo que nao devia, e "poof!"... bom,
talvez eu escreva amanha, pois vou dormir.
Mas so quero dizer, que ADOREI!!!!!!!!!!!! Muito linda mesmo
e verdadeira!
Abracos,
~Mary~