Tenho saudades de mim, das palavras que brotavam apaixonadas dos meus dedos, em versos embriagados de paixão, lavra incandescente saída abrupta do coração.
Tenho saudades da suavidade do mar banhando a avidez selvagem da minha pele, feito poema
O tempo decorre manso, insólito, perpendicular às linhas do meu corpo ressequido…
A mente vagueia abstracta por entre as paisagens vivas que se mexem no meu olhar, sem o fulgor de antes, num perigoso desinteresse existencial.
Nas noites quentes, os sonhos desapropriados se repetem no cérebro, desconexos.
O desenrolar de situações rotineiras engorda o corpo de inercias desconcertantes. É um tempo desconhecido, um tempo ausente no tempo…
Pudera eu reinventar a poesia nas minhas mãos, fazê-la galgar o cosmos e cavalgar ao infinito da ilusão.
Pudera eu voltar a dissecar o meu corpo em fonemas de amor banhando as vogais inertes.
Mas …só me resta esperar que novamente o amor fervendo nas minhas veias... rubro, volte a enlouquecer nas páginas brancas do papel amarelecido, guardado nas gavetas húmidas do meu peito.
Ah tempo maldito que me invade em total desinspiração.
Escrito a 11/10/12