Poemas : 

Par

 
Duas vidas tão diferentes,
Perfeitas em solidão de astro,
Conjugando-se, agora, em rota irregular
De meteorito errante, sem destino.
Essas vidas embevecidas
No laço breve dos dias e noites,
E és noite, madrugadas
De lua ensolarada,
Iluminando-te o rosto lhano
Sem sonho ou mistério,
Sem quimera ou segredo.
Em tua vida,
Todos têm pele, sabor, carícias,
O sonho insonhado, antes vivido,
Quimera transida de medo e desejo,
Segredo rasgado por leitos e veios
Ideal feito
De seio e regaço,
De promessa e abraço
Qual árvore de pomos pendidos,
Quase todos colhidos,
Iguarias comuns de raro quotidiano.
Quão diferentes nossas vidas!
Ainda assim se uniram,
Encararam-se e, após o fascínio,
Sobreveio o estranhamento.
Uma que é pura invento,
Teoria sem experimento,
Invenção jamais provada
Pelo vento, pelo mar e os homens,
Conservada como relíquia, dor
No fundo de gavetas esquecidas.
E a tua: (invejo-a!)
A vida sem reticências,
A interrogar vetustas exclamações.
Texto bem acabado,
Muitas vezes revisto,
Escrito na tênue folha marinha das águas.
Tua vida: queimadura, cicatriz,
Gozo e generosidade.
Belo 14 Bis, Zepelin,
Mais uma vez,
Alçando-se aos ares.

 
Autor
Felipe Mendonça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/10/2012 22:56  Atualizado: 11/10/2012 22:56
 Re: Par
boa noite poeta.
Um belo poema

Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 12/10/2012 03:44  Atualizado: 12/10/2012 03:44
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Par
Se fosse citar... nem venceria o poema.
bjs Felipe e obrigada

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/10/2012 07:19  Atualizado: 12/10/2012 07:19
 Re: Par
Gosto bastante dos teus poemas. Este ficou impecável. Abraço luso.