Só em alguns momentos eu consigo repousar de uma febril frequência de não se ver, na qual me encontro a maioria do tempo e que também vejo em muitos, até mais vibrantes e frequentes que eu (esses eu percebo com misericórdia). Mas só às vezes é que consigo sair dessa tempestade invisível de ser e fico extasiado com a simplicidade de existir. Nesses momentos eu nem sou humano, nem qualquer outra coisa. Eu sequer sou acometido por qualquer pensamento a respeito daquele instante, o qual poderia ser eterno. Depois reflito que nesses instantes eu apenas respiro e mais nada, e é pleno, é sobrevivência pura, sem berloques e enfeites de chatices de aqui estar; mas, quando volto fisgado pelas coisas de aqui-fazer, pela rotina funesta de forçar-se a entreter-se fora do aqui, aquém do agora... Ser. Instante-já-foi.