Dia parado!
Dia liso e parado!
Meu Coração um relógio
que repete vazio
o Ritmo do Instante ...
Instante frio, liso e parado.
Oiço um Violino:
doce mas melancólico,
presente mas amargo!
Porque o Eterno é prós outros,
pra mim, apenas o instante,
o imprevisto, só o Nada se manifesta!
O Amor ficou do outro lado,
ele ri-se da ilusão projectada.
E a Alma permanece, em espera!
E que espera?! Que espera ela?!
Amor, Amor, só o seu Amor ...
Mas seu Amor ficou na outra margem
e deu ao Mar a rigidez dum dia
sem sentido. E o Sangue, esse,
um imenso Rio de barcos tão pesados
como as quilhas da Nação!
E por quem esperam esses barcos,
tantos, desancorados, soltos?...
- Eu não te matei -
... tu é que te morreste
no berço dum Coração frio ...
- E ficou no Mar a tua sepultura -
Ricardo Louro
Café a Brasileira
no Chiado em Lisboa
Ricardo Maria Louro