Fui guerreiro conquistador, mas resignada criatura,
que numa fria couraça de ferro reluz e fulgura.
Estoico e plácido, zombava da dor perseguindo estrelas,
mas apenas vagava errante no céu sem jamais tê-las.
Após passear por despenhadeiros e abismos sem luz,
envolto na névoa densa, tentando romper antigos tabus,
presumi poder, um dia, descansar em florido vergel,
acreditando que vou encontrar uma luz sob este céu.
Eu conquistador, guerreiro na armadura brilhante,
descobri que o céu agora estava de estrelas deserto,
e imerso em negro abismo tenebroso e aviltante
não tinha mais como sonhar pois ora fora desperto,
e tudo desabou sobre mim como fúria das tempestades.
Não há mais nesse céu tão brunoso acesas as estrelas,
me quedo absorto nos jardins de minhas tantas saudades
das noites em que podia acalentar meus sonhos ao vê-las.
Bélico conquistador, guerreiro aguerrido na armadura,
queria sonhar que ainda trazia na alma singela candura,
mas como peregrino sem esperança, fiel par da desventura,
mantinha o elmo baixado sobre o semblante de amargura,
ao descobrir que o céu agora estava de estrelas deserto,
depois de ter visto todo o firmamento de luzes coberto,
pois como véu negro a noite desceu das alturas selvagens
tornando tudo um abismo escuro, brumando todas imagens.
Guerreiro conquistador, na noite cruel, sem ver as estrelas,
sei bem que não posso viver num mundo deserto de sonhos
então as vou ter que criar, da luz dos seus olhos fazê-las,
afastando para sempre tenebrosos pesadelos tão medonhos
by warmien
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.