Cumpramos as ordens e o estilo
Deleitemo-nos com arte amena
Esculpamos a Vénus de Milo
Copulemos, Madalena!
No Reino do Leste, navego no Nilo
A artéria viril da mulher serena
deste canal donde te sugo o mamilo
fecunda moça, que te vejo em Viena
Mozart, Beethoven, escutai-me
que Freud já me analisou
Vénus, Afrodite, abraçai-me
que o amor por aqui passou
Removei-me ó ninfas o açaime
que o Danúbio me inspirou
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Se o Danúbio é insípido, o Tejo é salgado
Mas o sal retira a clarividência
Quão difícil é o amor regrado:
a carne da consciência
O Danúbio é cinzento, o Tejo é claro!
Mas é nesta aurora da inteligência
quando se nega a penitência e o fado
que se forma a magnificência
É no escuro que se vê o Iluminado
Imune ao estímulo que deturpa
É quando nasce o homem consagrado
que à humanidade arranca a burca
Surgiu então a Luz no crucificado
concebeu uma prostituta
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Chamam-te Judas, Madalena!
Por que me traíste, se te sonhei?
Evitei-te a mais crua pena!
Foste tu Mulher, quem mais amei!
Trocaram-te os nomes, quando sangrei
e choraste com a minha trágica cena
Aquele momento grafou a Lei
que vou desvendando em Viena
Inicio-me nos mistérios do Saber
que me sabe a sangue este poema
Por que me traíste, sem querer?
Recompensa tão pequena!
Amei-te tanto minha Mulher
Chamam-te Judas, Madalena!
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O luxo e a mulher são da mesma massa
traíste-me por trinta moedas
pois Eva e a serpente, são desta raça
que se deixa tentar contra as regras
Puseram-te a burca e a mordaça
Maltratam-te, lançam-te pedras
E não há nada que não faça
para te remir destas guerras
Madalena, fala-te Jesus
Tu Mulher, foste a minha amada
Fecundei-te na sacra Luz
genética e consagrada
e ao me veres em suplício na cruz
deste por ti, embaraçada
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Maria Madalena, és sacral
porque deste mundo, o meu reino já não era
germinaste-me o Santo Graal
o cálice onde fecundei a quimera
Seguiste a aurora boreal
A minha linhagem ver, quem me dera
Ficaste pela Europa central
Com a semente, onde te fecundei a terra
Guerras, misérias e peste
Perturbaram-te o sangue real
Exércitos vindos do Leste
pilharam-te o leito sacral
voltaste-te para Ocidente e viste
um trono seguro: viste Portugal!
---Post scriptum ---
São treze os períodos por ano
que tens, esplendoroso ser divino
Sentada ao lado de teu amo
naquela ceia, bebíamos vinho
E quando o teu nome chamo
e te vejo o belo rosto feminino
ergo-me, e de peito ufano
aos discípulos, revelo meu destino
Porque tu Madalena, já mo havias dito
Confessaste-me o arrependimento
Entregaste-me o dinheiro maldito
E a meus pés, choraste o lamento
Fecundo é o número trinta, predito
Gritaste depois, ao me veres na cruz em tormento!
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O ‘M’ é a letra décima terceira
e tu tem-la Maria, a dobrar
depois dos nos amarmos em erma eira
a meu lado vieste cear
E te puseste em choradeira
pois não me querias atraiçoar.
Na ceia, houve quem te chamou de rameira
Ergui-me e orei: a todos devemos perdoar
Pelos milénios vindouros
Mulher, já sofreste tanta pena
Maltrataram-te os mouros
Demonizaram a trezena
Pois hoje, coroo-te com os louros
Perdoo-te Madalena
João Pimentel Ferreira
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Domine, scribens me libero