Tal como as árvores que se despem sem pudor
Ou as aves que mudam de veste sem se cobrir
Vou jogar fora as penas gastas já sem cor
Junto com a folhagem ressequida do meu sentir
E assim como um rio fluindo sem se deter
Nos obstáculos onde poderia pernoitar
Vou dizer ao Outono que pode chover
E se quiser leve o sol para lá do mar
Porque já dancei à chuva com um sorriso
Já me perdi entre tormentas e o paraíso
Ri como quem chora, gritei como quem emudece
Que importa se o Outono se veste de cinzento
Se me açoito como tintas ao sabor do vento
E me pinto e revisto dos tons que mais me apetece