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rasga-me a pele que me limita, oprime,
rasga-a sem piedades.
E rufa o coração nestas procelas repetidas,
quais mares de outubro que se agigantam,
quais marés que pululam em redor
desta casca de noz sem rumo,
rasga-me a pele que me limita, oprime,
rasga-a sem piedades.
E relega presságios veros de tanto repetidos,
como as violetas que se desprendem da terra,
como os pássaros que migrarão em sopros
numa destas noites,
rasga-me a pele que me limita, oprime,
rasga-a sem piedades.
E degusta este fero silêncio que se esvai,
que começa sem fim,
que arde em memória sem crepúsculo,
então,
repetir-te-ei,
rasga-me a pele que me limita,
que o tempo alcança.
casca de noz - “Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito...” William Shakespeare, “Hamlet”, ato 2, cena 2.
“- Na verdade vos digo, os pássaros que morrem caem no céu e as cinzas de Maria Callas vogam pelo mar Egeu.” do ciclo uma sílfide adormeceu no leito de uma orquídea branca.