Era entre um café e outro que ela pensava.
Algo assim, quase como uma meditação, por trás de cada xícara.
Ria-se quando alguém lhe dizia que isso faria mal.
Afinal café é estimulante!
Mas para ela, era seu grande companheiro.
Melhor que tentar dizer para as pessoas aquilo que queria.
Ou revelar seu jeito de ser, que nunca iriam compreender.
Certo que dessa forma não incomodaria ninguém.
Nem faria alguém ouvir coisas que a só ela pertencia.
Para tal coisa, se quisesse, iria a um analista.
Profissionalmente, ele escutaria.
Mas sabia de antemão, que outros não fariam de bom grado.
O ser humano de uma maneira geral, gosta de falar de si para outros, mas quando é o próximo a fazer isso, ele simplesmente não tem paciência e tolerância (pelo seu egoísmo e egocentrismo, talvez) para ouvir problemas alheios. Claro, toda regra tem exceção.
Nessa divagação, ela ficava...
E era feliz desse jeito: Com a xícara na mão, comendo um biscoitinho amanteigado e pedindo mais um cafezinho.
O tempo passava...
Ao sair dali, já voltava para o mundo real.
Onde seus segredos não eram partilhados,
Nem tão pouco os arrependimentos.
Mas dentro de si, havia o alívio.
O seu " Bem me quer" sem flor,
Que só a meditação do café lhe dava.
Fátima Abreu