Olho-te de frente na outra face quadrada
Da mesa do café onde pela primeira vez nos sentámos juntos,
Os nossos braços dão encontro às nossas mãos,
Os dedos num toque tímido tocam-se,
Sentimos um lume brando nos nossos corpos.
Sobre a mesa duas chávenas de café, um pacote de açúcar enrolado.
Os nossos lábios desenhavam aguarelas de desejo.
Saímos,
Vulgares exploradores,
Sem mapa, sem bússola, sem olhar a estrela polar,
Com vontade de descobrir recantos
Torná-los nossos.
Com a tua mão na minha mão,
Vamos pela cidade feita em cada encontro dos nossos corpos,
Há avenidas que percorremos rápidos,
Ao deitar pelo chão as roupas que nos guardam os segredos,
Há ruelas que os nossos dedos tacteiam,
Há um beco a que me levas,
Onde as paredes são de seda,
Sinto-me lua no teu lago quente e húmido,
Entrego-te a minha luz
Que me devolves reflectida no teu êxtase.
Sinto-te como flor,
Neste acto de te possuir,
Bem-me-quer, malmequer,
Pétala a pétala,
Vou entrando em ti,
As nossas bocas abrem-se,
Abraças o meu corpo
Sabes sempre,
Adivinhas sempre, onde quero estar!
Depois vem o Sol, uma onda no areal dos nossos corpos
Em salpicos salgados.
Os meus olhos fecham-se nos teus olhos,
Brinco com os teus cabelos,
Uma brisa fresca caiu sobre os nossos corpos,
Suavemente,
A despedir-se de nós….
Deslizo pelo teu rosto
Beijo-te os lábios
E os nossos corpos adormecem.