GORDO ROXO
A campainha toca. O gordo abre a porta.
Gordo – há quanto tempo! Entre, vamos tomar uma cervejinha.
Amigo – passei aqui pra lhe dar um alô. O que tem feito?
Ambos conversam sobre várias coisas por cerca de duas horas. O “amigo”, enxuto e bem apessoado, ouvindo do gordo que o seu estado depressivo é devido ao fato de não conseguir uma namorada, há mais de dezoito anos, por ser gordo - e vendo nisso um prato cheio - não perde tempo nem oportunidade e começa imediatamente a “consolá-lo”, com requintes de sadismo, dizendo em tom fraternal que o insucesso dele não se deve em absoluto à obesidade, pois gordura não tem nada a ver, que ele deve deixar de complexos pois o que importa mesmo numa conquista é a inteligência, a beleza interior, boa conversa, etc.
A esta altura o coitado do gordo que já está deprimido, além de gordo passa a ser também burro, espiritualmente desinteressante, papo furado, etc.
Esse “amigo”, achando que as mensagens contidas nas suas palavras, atingem e arrasam o alvo mas que o “reles” gordo não têm a menor capacidade de perceber sua “inteligentíssima” manobra, continua então o seu “consolo” (de uma perversidade que ele próprio acha ser sutilmente elaborada) falando – a título de encorajamento – dos seus próprios sucessos com o sexo oposto, atribuindo-os tão somente às qualidades advindas do seu belíssimo interior, tais como ausência de inibição, bom papo, etc.
A esta altura o enxuto e bem apessoado amigo da onça, está realmente com tudo! É dose mesmo pra elefante!
O “reles” gordo controlando a raiva tenta salvar alguma coisinha de si próprio:
- Amigo, a gordura não influi nem um pouquinho?... Se você fosse gordo?...
A resposta vem rápida e macia:
- Que nada... Que nada... Isso é coisa da sua cabeça.
Gordo – mas amigo... Com qualquer gordo o insucesso nesta área é o mesmo, não é muita coincidência?
Amigo (falando em tom de quem sentencia) – você mesmo é o culpado, fica pensando que vai ser rejeitado e aí se retrai.
Gordo (contendo a raiva) – todo gordo pensa isso então? Será por coincidência? E eu sempre ajo normalmente.
Amigo – você está com muita abobrinha na cabeça, deixe de sentimento de inferioridade, hoje à noite vá à danceteria – inaugurou uma ótima bem aqui perto de sua casa, você sabia? – e se esbalde, você vai arrumar milhões de namoradas e depois quem sabe... Uma passadinha no motel... Bem amigo, já está na minha hora, eu me despeço de você, felicidades, quero ver você arrasar hoje hein? Dê-me notícias.
Nessa hora o gordo, pouco faltando para estar completamente transtornado, fazendo um esforço insólito para manter as aparências, estando a ponto de “desbanhar” de vez, dirige-se ao “amigo”:
- Foi um prazer receber sua visita. Ah! Só mais uma coisinha; você ainda tem aquele problema de fezes ressecadas?
Amigo - nunca fiquei bom daquilo, ocorre de vez em quando, por que será?
Gordo – tenho uma solução fantástica para isso, tiro e queda, é dose única, acaba com as fezes ressecadas na hora e nunca mais ocorre de novo.
Amigo (bastante interessado) – funciona mesmo? Onde posso comprar?
Gordo – espere aí um instante.
Nesse momento o gordo vai lá dentro onde libera uma risada muito estranha, durante a qual, chega a ficar completamente roxo. Em seguida respira fundo, dali a pouco volta com uma caixinha cuidadosamente embrulhada para presente. Dentro, um supositório nuclear!
Guru Evald