Se amanhã eu morresse,
correriam os Rios em qualquer parte ...
Tudo seria tão igual como hoje vivo!
Meu Destino assim cantado
seria então mudado
por uma qualquer Morte que me levasse ...
E para onde iria Eu?!
Ficaria na ilusão de partir ou na ilusão
de ficar ... mas ninguém fica,
todos partem! ...
O que será então Real??
Onde estamos hoje ou para onde iremos
amanhã?!!
Ilusões ... ilusões ... tantas e efémeras ilusões!
É aqui que descemos ao fundo da Vida
onde o desconhecido é evidência,
real, o que se não entende ... e só a Morte
uma certeza tão banal!
E o que é a Morte???
Fecho os olhos mas não a vejo!!!
Inspiro a ternura presente,
humilde e doce que só a Vida nos oferece.
E a esse descer fundo nada chega senão
a certeza de existirmos com Vida
àquem ou além da Morte.
Eis o limite obscuro da minha interrogação!!!
Sem medo, sem esperanças, sem projecto!!!
Mas em tudo vejo fronteiras
às respostas que procuro.
O chão da Vida revela-se deserto
e as paredes do Tempo impenetráveis ...
Desespero por vezes na procura! ...
Mas se ao menos a Morte não tivesse levado
quem Amei ... ái, se ao menos isso ...
Éramos juntos, próximos e tão longe
na melindrosa fronteira do Amor capaz,
na rigorosa charneira do Amor possível.
Amor não inventado que a Vida perdeu
e que a Morte levou ...
Dor desse demais, desse tão pouco ...
Estrada bruscamente parada
sem destino e sem nome,
lâmina de Verdade, aguda, nua e crua!
Que m'importa agora que o Mundo morra?!
É como se Vida e Morte o mesmo fosse ...
E fica no lastro doloroso da memória,
num registo calado que descreve,
intima História, Tempo breve,
velhas imagens, queridas,
de uma História fria, já passada,
a certeza de que além-da-Morte
sempre Renasce a Vida ...
Adeus! Adormeço agora ...
Ricardo Louro
Outeiro
monsaraz
A morte é a outra face da Vida ... no "Universo" que é Vida nada se perde tudo se transforma ... ela é a passagem de um estado de Consciência a outro ... somos Seres Imortais!!!
Ricardo Maria Louro