A abrangência de leituras que o tema proporciona e as variantes que se apresentam me transportam ao passado, para chegar ao presente. Houve um tempo – lá no passado e bem passado – que os muitos anos eram denodo, referencial, de sabedoria e equilíbrio. O idoso era tipo enciclopédia ambulante - viva. Dessa forma, buscado e respeitado, por todos, inclusive pelos jovens. Esses se achegavam a ele – o idoso –, em busca do conhecimento sobre suas raízes – deveriam ser preservadas. O ancião ensinava e repassava experiências, aconselhava. Era honrado. Hoje, há um total descaso concernente ao idoso. Desde o sistema até a família. Ao que contribuiu com a própria vida, para o engrandecimento do país resta, uma aposentadoria vergonhosa, que não lhe permite comprar sequer os remédios que necessita, menos ainda, viver dignamente. Buscando essa dignidade, muitas vezes, é conduzido ao perigo da procura, aos agiotas legalizados – sistema bancário encontrado pelas esquinas da vida – ao que está se afogando, crocodilo se apresenta como que tronco, que lhe compromete o mísero salário, através dos empréstimos oferecidos, como se não lhe bastasse os impostos que realmente, e, literalmente lhe é imposto. Como toda regra tem exceção, a enciclopédia viva de ontem se tornou, o ser ultrapassado – hoje. Nessa condição, deixado para trás, inclusive, pela própria família que, lhe nega o direito do convívio familiar; de ver crescer os netos, sua posteridade, internando-o em “casa de repouso,” onde repousa em pranto silente, à espera do dia de visita dos entes queridos que, aos poucos se extingue, até a mais completa solidão.
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EstherRogessi, Crônica:O IDOSO - HOJE
Recife, 19/09/12 05:h01min
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