Somos todos incoerentes em algumas oportunidades?Ou são coisas de raro acontecer?Salta-me aos olhos os infortúnios dos outros e quase sempre a mim, escapam os meus. Esqueço de justificar meus xingamentos, ou não os levo por conta de pecadilhos. Não sei ao certo. Mas sei que nem tudo é eterno e nem sempre vem a tempestade. Que a quietude vem como brisa, mas que o vento chega à surdina. Que o estrago no coração pode vir de quase nada, mas que esse mesmo coração pode suportar quase tudo. Inconstâncias ou incoerências?O que mais eu sei, além de que nunca é o suficiente?Sobram-me boas razões. O vendo sudoeste vem vindo... Sinto-lhe o cheiro. Daqui, vejo ao longe um barco à deriva. Seu ocupante não lhe sentiu ainda a brisa de aviso, aviso de mudanças... Esse vento poderoso irrompe quase sempre ao anuncio de ventos, tempestades, mas quando o sudoeste se infiltra nalgum coração desavisado, ai! Aí me acode os cuidados com a alma... Ele faz um estrago imenso, mas também promove boas mudanças, necessárias mudanças. Da ultima vez que me veio um sudoeste para afligir-me a alma, senti-o como alerta... Tudo me foi tirado. Não tive tempo de nada. Vi tudo indo como numa enxurrada... Lavou-me o corpo, sumiram todas as marcas. Tudo virou ex-amor. Fui renovada. Hoje a tarde senti o tal calafrio... Pensei em acender uma vela, pedir, implorar, mas por fim, lembrei da primeira vez... O sudoeste veio na hora certa... Quem sabe esta é a mesma hora?Eu não queria, nem estava mais pensando nisso como há tempos atrás, mas as mudanças acontecem quando são precisas, e os ventos impetuosos não pedem licença ou autorização. Já me vejo só, de pé no portão... Olhando pela janela, sentada numa praia, lendo um livro bom e gasto por suas repetidas leituras... No calor, no frio, tanto faz... Sentindo a brisa de qualquer outro vento. Não há como evitar.
Escutar o silêncio é tão bom...(Estela)