Estava um lusco-fusco do anoitecer.
Eu estava cansado e sentia-me confuso
sobre o que ia acontecer!...
E deixei-me ir no cacilheiro
para onde ele me quisesse levar.
- Leva-me cacilheiro
por este Tejo que é nosso;
leva-me até ao mar
que mais tragédia não posso!...
Surgiu no ar pestilento,
um ar que custa respirar,
uma gaivota agitada
que, num piar sofrido, me disse:
- Não voltes, homem, a terra
que a terra queima, coitada!...
E fiz-me ao mar salgado,
no cacilheiro...
Foi uma noite de breu e sal
- lágrimas de Portugal!...