Poemas : 

Elegia Marítima

 
O mar vomita nas pedras

e lança de volta à terra

cadáveres seculares.


Exausto,

o tempo adormece

sob as ruínas do cais.


A noite senta-se à mesa

para jantar os mortos

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júlio


Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/11/2007 13:56  Atualizado: 25/11/2007 13:56
 Re: Elegia Marítima p/ Júlio Saraiva
Quanta força metaforizada nestas palavras. Poesia inigualável. Tem uma marca registrada. Adorei!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/12/2007 06:27  Atualizado: 29/12/2007 06:27
 Re: Elegia Marítima
Diz-se que recorder é viver
alegrias e tristezas tudo porém trás
quem assitiu essa onda de gente a Macau aportar
seu coração comprimiu
na esperança de os ajudar
e foi assim que certa manhã
um telefonema recebi
era o Padre Nicósia a comunicar
que perto da Leprosaria, em Ká-Hó
pessoas estavam a desembarcar.

Sózinho para lá segui
e ao ver toda aquela gente
meu coração chorou!...
eram homens, mulheres e crianças
acabadas de chegar num barco que ao mar as deitou.

Eram Vienamitas?!...
e à costa vieram dar
foi o começo de um longo exôdo
que pela primeira vez
a Macau vinham aportar
era um grupo de trinta e dois
todos oficiais superiores
e seus famíliares.

O governo de Macau ajudou
para outros países mandar,
depois, dezenas, centenas e até
milhares
escolheram Macau como porto de segurança

Era tanta tanta gente
que não havia mais lugar para as alojar
Ilha Verde estava cheia
S.Rafael a abarrotar
em Ká-Ho barracas cheias
sem mais espaço para alojar.

A ONU e seu Comissário
tudo fizeram para ajudar
procurando outros países
para os Vietnamitas albergar.
Eram tantos tantos tantos
que no mar em suas embarcações
Tiveram que ficar.

Foram anos de auxílio
a esse povo carente
e Macau se resentiu
medidas tendo que tomar
acabando esse auxílio
não mais permitindo que embarcações vietnamitas
a Macau viessem aportar.

Mas eles teimosamente
a Macau continuavam a chegar
e agora para o alto mar teriam que rumar.
Uns as ordens acatavam
e para leste seguiam
Outros porém teimavam
e as praias iam desembarcar
as vedetas da Polícia
os tornava a embarcar
e, dando-lhe comida, água e gasóleo
para o mar alto os fazia rebocar.

Inconformados partiam
e devagar as serenas águas
cortavam até Hong-Kong desembarcar
todo o tipo de embarcações servia
para do Vietnam partir
sampanas, velhos juncos,
alcofas tudo servia
para a liberdade atingir
pagavam pesadas quantias
para as autoridades subornar.

Muitos roubados foram
outros ao mar foram deitados
muitos haviam de morrer
outros eram metralhados
muito tiveram que penar
para poder sobreviver.

Macau os deixou de ajudar
Hong-Kong agora era o destino
para quem sonhava imigrar
e outros países poder alcançar

Para muitos na memória ficará
Macau e suas gentes
Que por eles se sacrificaram
E com todo o seu amor os ajudaram.

Agora anos volvidos
O Vietname mudou
O boat peopel acabou
e só para recordar
algumas fotos ficaram
mas no corações das pessoas
esses tempos jamais serão esquecidos

Muito mais teria para contar
desse tempo infernal
mas aqui fica uma parte que tive que suportar...


A reseposta ao seu poema pois o mar esse grandioso mar tudo devolve a terra com violencia e desprezo.