Dizem que o sol nasce para todos,
Mas nem todos usufruem desse calor,
Não é tão fácil suar e ainda compor
As rimas que brotam do arsenal dos tolos.
No compêndio da sabedoria há exegese de destreza
De cujas proteínas extraem-se do joio o trigo,
Bactérias aminoácidas desvendam no espaço exíguo
Um turbilhão de caracteres que mínguam na incerteza.
Ao iniciar-se o crepúsculo as aves buscam refúgio
Nos andaimes onde as folhas as escondem do mundo,
No rabisco do papel as palavras têm teor fecundo
E através da semântica se atrevem a boicotar o litúrgico.
Há um éden de imperfeições nos jardins da sabedoria
Em cujo solo navegam simbioses amorfas de nostalgia!