Setembro chegou...
trazendo em sua bagagem,
muito calor.
A Chuva tão esperada,
na espera ficou.
A terra ardente, carente,
da chuva, tudo secou.
A terra sofre, o homem chora,
se ainda suas lágrimas caíssem
e a terra reflorescesse.
O homem chora, pela terra,
pela sua plantação.
O homem chora, pelos animais,
que sedentos ao chão, caem.
O Vento espalhou as nuvens carregadas.
Levando pra longe, a esperança tão ansiada.
O Solo árido, o clima seco, o ar rarefeito.
Setembro chegou...
e a chuva ficou distante.
Na estrada a poeira levanta,
o andarilho, homem do campo,
anda quilômetros em busca d'água.
Nada encontra,
se desaponta,
ajoelha na arreia escaldante,
do caminho de sua busca.
E...Clama:¬ Ai, meu Deus!
Lágrimas rolam pelo seu rosto,
sua prece, é pensar...nos seus que deixou,
para traz...ficar.
Seu casebre, sua mãe idosa,
desgastada em seus muitos anos, sua mulher,
com a pele ressequida pelo calor do Sol.
Seus filhos, em escadinha, e lembra,
Só deixou um punhado de farinha.
Suas cabrinhas, a vaca melindrosa,
a gata manhosa, e o jeque..."Pau pra toda obra".
O Poço vazio, a lagoa, secou com o estio.
Os joelhos queimam, já não caem lagrimas,
de seus olhos fitos no vazio.
De repente...ouve um barulhão.
É sem dúvida um Trovão...
Ainda ajoelhado beija a terra quente.
Seu companheiro de viagem, corre
latindo com os ouvidos feridos pelo ruído.
Milagrosamente, sua prece, muda, sem lamento,
recebe a resposta imediata.
Grossas gotas de chuva, lhe caem no rosto,
apanha suas ferramentas, e faz o caminho de volta.
Ele sabe que a partir desse momento,
acabou o sofrimento.
É um recomeço, por mais um bom tempo.
Tem trabalho, e seu fruto será o alimento,
da família, por mais um ciclo, na terra.
Agradecido, porque setembro chegou...
Trazendo a chuva do Caju, e também
a esperança, ao homem tanto do campo,
quanto da cidade, pois é fim da estiagem.
Fadinha de Luz
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)