Ah essa sensação que não passa. Esse engodo que faz-me ser vilão de mim. Essa raiva suja que macula alma numa busca sem fim por aquilo que não se perdeu. Alma vazia, cabeça cheia, coração apertado, visão turva. A cama não esquenta, o travesseiro incomoda, as companhias não acompanham, a fumaça do cigarro traça meu caminho e se desfaz porque me perdi em mim.
Meu grito de socorro sai abafado pelo burburinho lá fora. Alguns vêem meu desespero mas se afastam, outros observam ao longe rindo por dentro e alguns poucos se compacem mas nada podem fazer. Ouço orações. Vejo ligações invisíveis mas tudo se perde na fumaça que virou um borrão míope de alguém que não se vê.
Meu labirinto se fecha, não quero companhia no meu inferno particular, menos ainda arrastar quem amo ou amei nesse turbilhão desfocado. Aceito. Pensando que não há mais o que se fazer. Choro, tentando me afogar em mim. Me puno pela minha cegueira e por minha teimosia que são meus valores que não valem nada para ninguem. Sinto-me sozinho em meio a uma multidão. Cabeça cheia para aplacar o vazio que cresceu em mim.
Socorro. Tento mais uma vez. Mas não resta mais nada que possa fazer para me salvar.
Oh ego Laevus!