Sangra a tarde apunhalada pela mão do dia Algo refrigerante faz o ocaso ser diferente Morre a tarde e uma nova poesia se inicia Quando se recolhe Febo dos cabelos ardentes.
Do nada um véu denuncia a chegada da brisa Que vem deslizando macia pelos arvoredos, Orvalhando a rua, perolando os brinquedos Como uma seiva que a alimenta e a alumia...
Noutra rua, noutro prédio, num apartamento Uma semideusa um espetáculo se principia Elevando aos Campos Elíseos o contentamento De um homem quando a tolha a descortina...
Uma mulher exalando fragrâncias femininas Serpenteia pela pelúcia veludosa do tapete, Olhos gigantes, sensuais, de uma fera felina No cio arranhando a textura alcalina da parede...
No vale virgem, no monte de Vênus de uma vagina Nas penugens maliciosas das abundantes nádegas Um marinheiro em terras desconhecidas naufraga Quando a luz bruxuleante e sonsa do quarto finda..
Aquece o quarto o perfume que adocica o ambiente Pernas e braços entrecruzados imortalizam o momento Dois corpos, duas almas afogueadas em sexo indecente Liberando e libertando os mais safados pensamentos...
Morre mais uma vez o mundo neste instante. Param-se os relógios, quebram-se as ampulhetas. Queda a noite novamente como que se estivesse bêbada...
Fadigadas duas almas extasiantes... Apagam-se as estrelas antes acesas... Raia o dia em rara beleza... Prelúdio mais que refrigerante!
Agradecido mais uma vez pela simpatia da presença e pela generosidade das palavras, querida poetisa amiga. Um enorme prazer compartilhar sonhos e poesias contigo. Beijos mil do teu amigo Gyl. Valeuuu, Felisbela!