Poemas : 

Prelúdio Refrigerante

 
Sangra a tarde apunhalada pela mão do dia
Algo refrigerante faz o ocaso ser diferente
Morre a tarde e uma nova poesia se inicia
Quando se recolhe Febo dos cabelos ardentes.

Do nada um véu denuncia a chegada da brisa
Que vem deslizando macia pelos arvoredos,
Orvalhando a rua, perolando os brinquedos
Como uma seiva que a alimenta e a alumia...

Noutra rua, noutro prédio, num apartamento
Uma semideusa um espetáculo se principia
Elevando aos Campos Elíseos o contentamento
De um homem quando a tolha a descortina...

Uma mulher exalando fragrâncias femininas
Serpenteia pela pelúcia veludosa do tapete,
Olhos gigantes, sensuais, de uma fera felina
No cio arranhando a textura alcalina da parede...

No vale virgem, no monte de Vênus de uma vagina
Nas penugens maliciosas das abundantes nádegas
Um marinheiro em terras desconhecidas naufraga
Quando a luz bruxuleante e sonsa do quarto finda..

Aquece o quarto o perfume que adocica o ambiente
Pernas e braços entrecruzados imortalizam o momento
Dois corpos, duas almas afogueadas em sexo indecente
Liberando e libertando os mais safados pensamentos...

Morre mais uma vez o mundo neste instante.
Param-se os relógios, quebram-se as ampulhetas.
Queda a noite novamente como que se estivesse bêbada...

Fadigadas duas almas extasiantes...
Apagam-se as estrelas antes acesas...
Raia o dia em rara beleza...
Prelúdio mais que refrigerante!


Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/08/2012 10:35  Atualizado: 17/08/2012 10:35
 Re: Prelúdio Refrigerante P/ Gyl
Então..este não é o "outro quarto", aquele "sem janela"...ahahahah

Estava a brincar...

Entrei no reino das suas palavras e visualizei as cenas...lindo! Adorei!

Parabéns!

Beijos mil Gyl!

Felisbela