(de "Projeto para uma revolução Fundamentalista", lançamento 15/08. Bienal do Livro, São Paulo)
Todos os espíritos
têm direito à Eternidade,
em lotes iguais
de duração
e permanência.
Cabe aos anjos
administrar
para que sejam
justas
e equidistantes
as parcelas,
a cada qual atribuídas
única e exclusivamente
pelo fato
do Ser o ser
o que é
e, como tal,
pertencer
ao Espaço
e não só
ao Tempo.
A posse do próprio destino,
no entanto,
é feita dominante,
pela escrita,
que gruda na pele,
por atributo divino.
O vento, portanto, não terá poder,
a não ser de resmungar,
já que as folhas
uma vez caídas
se transformam
em adubo.
Para virar nuvem,
basta desejar,
aglutinando na mão
massa,
a qual se não advém
do Corpo Celeste,
ao menos
tem o odor primordial.