Vesti meu terno branco engomado de domingo.
Peguei meu violão, meu cachimbo, meu chapéu
e a bengala com cabo de marfim.
Dei uma olhada no espelho,
reparei meu bigode bem aparado, e
vi meu cabelo bem penteado.
(Refrão)
Saí, fechando á porta, atras de mim.
Falei baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
Saí, assoviando um velho refrão,
de uma antiga canção,
que me tocava o coração.
Coração tão bom de guerra.
De tantos tropeços vividos,
e grande fama de garanhão.
(Refrão)
Saí, fechando á porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
Desci, a ladeira quase correndo.
Pra não perder, um instante sequer,
do samba no bar do seo Nhonhô,
que não é pra quem quiser.
Mas, pra quem é do samba,
sim, senhor!
(Refrão)
Saí, fechando á porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
Saí, assoviando um velho refrão,
de uma antiga canção,
que me tocava o coração.
A noite é tão criança ainda,
e nossa turma está esquina,
esperando, eu chegar.
(Refrão)
Saí, fechando à porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
Entraremos noite a dentro,
ao som do pandeiro, da gaita,
da cuíca, violão e bandolim.
Cantaremos lindas canções,
em homenagem, á vida,
aos amigos e ao amor.
(Refrão)
Saí, fechando á porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
Homenagem, também à saudade,
que, nossa alma invade
e faz um belo estrago, sim, senhor!
Contaremos as estrelas uma à uma,
conforme, vão chegando,
no céu a brilhar.
(Refrão)
Saí, fechando à porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
Entre risadas, boas gargalhadas,
regadas ao bom som de um samba-canção.
Não, sentimos o tempo passar,
só quando o sol voltou a brilhar.
Veio nos lembrar, que chegamos
ontem, ao entardecer.
(Refrão)
Saí, fechando à porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não, tenho hora pra chegar.
É que varamos a noite numa rodada
de Bel-prazer.
Do bom papo muito animado.
com a turma, boa do sambão.
Gente legal, gente fiel, que pouco espera.
Mas, muito dá pelo samba no pé.
(Refrão)
Saí, fechando à porta, atras de mim.
Falei, baixinho: ¬ Não, esperem por mim.
Não tenho hora pra chegar.
Sou, apenas um boêmio, bom carácter.
Um seresteiro, notívago por natureza,
mas, mesmo com tanta esperteza.
Caí, nas armadilhas do amor.
Por uma cabrocha muito faceira,
com muito samba no pé, me apaixonei.
Fadinha de Luz.
(Inspirado pela saudade do Pai).
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)