Ando desligado das roupas guardadas no armário da casa de mármore. Qualquer peça encontrada, visto. Meus sapatos guardam a poeira de outros carnavais, as cores das gravatas gritam com as camisas mais caras; os perfumes e os cremes importados, perderam a validade.
Dentro de casa vejo tudo tão velho! Os olhos passeiam pela estante. Encontram a lista dos filmes que ainda não assisti, e centenas de livros à espera de uma revisão ortográfica.
Depois da primeira metade do século XXI, se vida houver, chegarei a finalização do longa metragem, voltarei a escrever cartas ao amor, qe há meses chora, querendo voltar.
O romance experimental, que acabei de escrever, encontro as personagens todas as noites; dizem que visitaram o divã dos psicanalistas franceses, são perseguidos por heróis e bandidos. Sofrem de alucinações e temem pela saúde mental e espiritual do autor.
Quando chegar a primavera, quero ter as gavetas arrumadas,as cortinas lavadas. No armário, uma nova coleção de ternos.
Quero olhares voltados para a minha elegância.Bem vestido, realizarei recitais em noites de vinho e poemas parnasianos, revistos e ampliados.
Poemas em ondas deslizam nas águas.