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Digo-te que estou cansada...tu respondes que faltam apenas uns dias...como se fosse de tempo o meu cansaço...
O tempo nada é senão o que somos, o que carregamos...mudam os dias mas aquilo que me consome não é o tempo...(sei do tempo fazer mil tempos)...é serem sempre iguais as minhas inquietações...os medos...inseguranças das certezas que conheço!
Não sei se gostava de ser eu só...ficar isolada... ter a coragem de uma ave migratória, sacudir as asas e percorrer os espaços que nunca ambicionei...
Olho-te!
Sorrio-te...com a alma em pranto!
Conheço a tua ansiedade...o teu agitar desordenado.
Conheço-te melhor que a mim mesma...sei-te!
Vivo aprisionada de mim por ti...no tempo o que melhor descobri foi que não sei viver sem ti.
E creio, sim creio com verdade e convicção que também não sabes viver sem mim...são amarras sem culpas ou desculpas...será destino?
E agora neste tempo que o tempo conta sem contas de mudanças...falamos gestos...as palavras estão gastas, cansadas mais cansadas que eu!
Desisto das palavras!
Retomo as folhas brancas onde me falta a coragem de ser cobarde e partir...
Dizes...falta pouco tempo...eu queria dar-te o tempo...libertar-te...carregar somente eu os fardos embrulhada dos mantos do universo...descer a voz das sombras e descodificar o que nunca fui...ou deixei de ser...
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[Memórias da (in)certeza] Ana Coelho
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...