Meus porões guardam alucinações.
Desço para espantá-las no inverno.
Tenho medo de tocar as feridas que ainda secam,
Coisas que nem sei mais por que senti,
Vejo fotos, bilhetes, aromas de perfume.
Um relicário cheio de pingentes quebrados.
Lembranças que já perdi.
Que nunca pude enfrentar.
As marcas do tempo tem cheiro nas paredes,
Emitem sons da casa quando dorme,
Ranger dos portões no resvalar do vento,
Sons que a tristeza impede ouvir.
Saudades de ouvir as chuvas sob nosso cobertor.
Vendo as gotas deslizarem pela janela.
Saudades de vestir nossas fantasias
Esquecidas no fundo do armário.
O som da minha dor vem destoar
O silencio da casa vazia,
O sussurro de uma lágrima que cai,
Endurecida por ainda, não saber perdoar.
Não sei o que sou,
só sei que não sou
o que eu sei…
que me nega.
Nunca pensei ser
coisa que anda,
nem coisa que geme,
que me cega.
Já pensei ser,
as causas do caminho
eu que sou estradas,
que se perdem.
Habito à tarde,
a mente me leva,
ma...