CEGO E SURDO PARA O MUNDO
Procuro não escutar o mundo
Para não ouvir vosso pranto.
Procuro não entender o mundo
Para não ter que ouvir e sofrer
Ao lamento de uma criança,
E do menor abandonado.
Da mãe que chora a perda
Na dor de uma criança triste
No desamparo do filho órfão
Perdido na multidão adulta
Sem saber que destino seguir.
Procuro não escutar o mundo
Para não ouvir terríveis gritos
Daqueles não têm um lar
Não tem um pedaço de pão
Não põe na mesa a comida
Pois não tem como comprar.
Na família que perdera o rumo
Perdera um filho para as drogas
Para traficantes e o narcotráfico.
Prefiro não escutar o mundo
Para não sentir as terríveis dores
Daqueles que choram as perdas
Na dor lancinante aos que morrem
Nas mãos de assassinos sanguinários.
A agonia dos que perderam tudo
Carregado nas águas da enxurrada
Em catástrofes da natureza.
Prefiro não escutar o mundo
Para não ver a fome e a miséria
Assolando os pátrios nossos
Irmãos abandonados e pobres
Desprovidos da liberdade
De ir e vir sem pagar
Pagar por tudo na vida
Na República do tostão
Onde manda quem tem mais.
Prefiro não escutar o mundo
Para não sentir a terrível dor
Do homem que rasga o peito
Em dor e odores de vil agonia
Que gera e despreza a honra
Prefiro não entender o mundo
Para não ter que compreender:
A dor do filho que chora,
Por não ter ao seu lado um pai.
Pelo abandono do genitor.
D`Gáudio Procopio