Sinto que ficou no meu corpo, o seu cheiro
E uma marca de batom no peito, já desbotada
A cama bagunçada, e no chão um travesseiro
E roupas íntimas, em um canto atiradas...
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Na mesa, uma taça de vinho que foi virada
Que deixou uma mancha na toalha de algodão
E por ela me vem a lembrança da madrugada
São lembranças ardentes, como beijos de paixão...
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No banheiro molhado, eu ainda posso lhe sentir
E como se ainda estivesse aqui nesta atmosfera
Posso até entre a cortina de vapor, vê-la surgir
Secando o seu corpo, de beleza tão esmera...
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Na sala, as almofadas ainda estão fora do lugar
A televisão fora do ar, e o som em baixo tom
Sinto que ainda há uma magia suspensa no ar
Fazendo-me lembrar, que tudo foi muito bom...
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O lençol ainda está no corredor, e faz-me lembrar
O seu corpo nu por ele retratado, mas é a evidência
Que ali mesmo ardemos, e nos pomos há amar
Castigados pelo prazer, mas sem pedir clemência...
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É uma lembrança viva deste louco acontecimento
E do seu sorriso, e do grito desprendido de amor
Do corpo exaurido, pela glória de um único momento
Tão sublime, como o surgimento de uma flor...
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Eu lhe tive nesta noite, como nunca antes eu tivera
Beijos e abraços, na sala, no quarto, no corredor
Realizando todos os prazeres de nossas quimeras
Ai quem dera! Viver eternamente este momento de amor...
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Então chegou o dia, e eu não percebi que foste embora
Mas deixaste-me as marcas de amor e um lindo ramalhete
Preferiu deixar-me dormindo, no silêncio destas horas
E num papel perfumado, escreveste-me um bilhete...
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Dizia-me que as horas passam, e o tempo para os amantes é cruel
São coisas que talvez com o tempo sumirão, o antes e o depois
Mas ficará registrado aqui, escrito com meu batom neste papel
Que nada entre nós será efêmero, nos detalhes de nós dois...