Derramei vinho sobre a toalha branca da mesa
Esparramou-se sua cor, como o batom de um desejo
Uma taça quebrada, um tiro certeiro na certeza
Uma boca calada, a espera do ultimo beijo...
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Este é um momento que me torna embriagado
E quando em meu estado ébrio, já não sei o que falo
Não sei se haverá futuro, e nem me lembro do passado
Sê ser feliz é falar, por falta de palavras, me calo...
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Tentaram persuadir-me como a um louco
E um impulso faz-me assumir a loucura de vez
Às vezes acho que são muitas, outras é pouco
Talvez devaneios de minha insensatez...
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Torno para dentro do copo e me afogo
Eis que nele naufragam minhas desventuras
Um atrás do outro, pois eu assim eu rogo
Ao me tornar um rude, por falta de ternura...
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Sinto estar sozinho na companhia de vultos
Às vezes não sei onde estou, perco o sentido do chão
Falo sozinho para a parede, esse meu amigo oculto
Ao dormir na rua, a calçada é o meu colchão...
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Na minha falta, ninguém morrerá de saudade
Ninguém peregrinará em meu túmulo jaz
Sou como vinagre, fico mais azedo com a idade
E sei que só com a morte encontrarei minha paz...