Sim, que eu também sei cozinhar...
Cozinheiro limpo e aprumado
Mãos macias e seguras
Deve ter uma ajudante
De singelo avental, só.
Encostada ao balcão da cozinha
A mexer a farinha e os ovos
Enquanto o cozinheiro trata do bacalhau,
Acaricia-o suavemente que bom prato
É servido com paixão.
Aflora-lhe o rabo (do bacalhau)
Sente-lhe a espinha logo acima
Retesada…á espera da facada
Mas cozinheiro paciente
Mete a faca com macieza,
Sentindo-lhe a firmeza
Enquanto isso apalpa os marmelos
Para lhe ver a consistência
Que em fondue de chocolate
Farão delícias á sobremesa.
Já a ajudante tem a mistura feita
Devidamente temperada de sal e pimenta,
Mete o dedo na mistura, dá a provar ao cozinheiro
Que diz que sim, que está na hora
E remexe o bacalhau já desfeito em lascas dedilhadas
Na húmida mistura encorpada com claras em castelo.
Inclina-se o cozinheiro sobre rotunda frigideira
De óleos escaldantes e enfia-lhe uma colherada
Que fica a restolhar.
Vira-a (á patanisca) e escalda-a por trás também,
Para ficar na consistência certa.
Quando a tira da frigideira a escaldar
Deve ter um guardanapo á mão
Que ela deve vir a pingar.
Está na hora de provar o grêlo (do arroz, pois então!)
Que pataniscas não se servem
Sem arroz de grêlos e feijão.