Poemas : 

Aos meus pés...

 
Aos meus pés descai um rio insidioso
Nos socalcos das margens o percalço
De um momento sem nome.
Todos os momentos carecem de nome

A dor de cabeça o momento actual
Nas costas o ontem infernal
Olhar nublado quase sempre é passado
Diferente um futuro almejado

A meus pés um país periférico
Retalhado de verde e vermelho
O verde da serra frescura sadia
Rubro da cidade numa ventania

Um rio insidioso é o que vejo
Sempre que presto atenção
Aos passos que passam, um desejo
No olhar e no coração

Gente faminta de crença passa e não pára
A criança que chora, o homem de samarra
Uma viúva com filhos pequenos tem fome
O rapaz desengonçado que esqueceu o nome
Como me dói aquele velho acolá
Um outro ao deus dará.
Como dói uma terra sem prumo
Como eu queria ofertar-lhe o rumo

Num poema escrito ao contrário
Igual a bebé no berçário
Costas para cima, a cara de lado.
Almejo roubar-te povo esse teu fado.

Poesia de Antónia Ruivo.
http://porentrefiosdeneve.blogspot.pt/


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
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Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/08/2012 16:34  Atualizado: 08/08/2012 16:34
 Re: Aos meus pés...
"Almejo roubar-te povo esse teu fado."

e eu de roubar-te o poema, transformá-lo em ritmo de samba, diminuindo-lhe a dor e o peso que trazem os versos como se um triste e pesado cargo.
bj e meu abraço caRIOca, Antónia.
zésilveiradobrasil


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/08/2012 18:18  Atualizado: 08/08/2012 18:18
 Re: Aos meus pés...
Um poema escrito co extrema sabedoria, almejando todo um saber, lindo