Aos meus pés descai um rio insidioso
Nos socalcos das margens o percalço
De um momento sem nome.
Todos os momentos carecem de nome
A dor de cabeça o momento actual
Nas costas o ontem infernal
Olhar nublado quase sempre é passado
Diferente um futuro almejado
A meus pés um país periférico
Retalhado de verde e vermelho
O verde da serra frescura sadia
Rubro da cidade numa ventania
Um rio insidioso é o que vejo
Sempre que presto atenção
Aos passos que passam, um desejo
No olhar e no coração
Gente faminta de crença passa e não pára
A criança que chora, o homem de samarra
Uma viúva com filhos pequenos tem fome
O rapaz desengonçado que esqueceu o nome
Como me dói aquele velho acolá
Um outro ao deus dará.
Como dói uma terra sem prumo
Como eu queria ofertar-lhe o rumo
Num poema escrito ao contrário
Igual a bebé no berçário
Costas para cima, a cara de lado.
Almejo roubar-te povo esse teu fado.
Poesia de Antónia Ruivo.
http://porentrefiosdeneve.blogspot.pt/
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...