Puseste a tua capa de estudante e foste espalhar risos pelas ruas da cidade... Desceste a Avenida,, passaste pela Arcada, foste à Globo, olhaste a Brasileira, Rua do Souto abaixo, rumaste até ao Arco.
Depois foste espreitar a Lusitânia, o Passeio dos Tristes, pouco mais... E no Campo da Vinha, no quiosque da Laura, compraste dois postais...
Olhaste com humor a esquina do Turismo pejada de «mirones» e os pastéis a rir na Benamor As "tíbias"... os "secones"... Elétrico a passar pela Rua dos Chãos direitinho ao Liceu...
Mas tu ias a pé, sobe, que sobe Rua de S. Gonçalo... Atravessavas com passo de elefante Largo do Campo Novo, Rua das Oliveiras, Igreja das Teresinhas, Rua de S. Vicente, com a tua capa de estudante a ondular no ar...
Era o tempo da música na Avenida, dos pares de namorados, das verbenas e festas no Casino... Saraus no Ateneu... Da Missa "chic" ali nos Congregados... Se bem me lembro, o melhor de tudo e tudo o mais, era a festa do 1º de dezembro...
Ceia dos Cardeais e as serenatas ao Luar ali em frente ao Lar... No S. Geraldo e no Teatro de Circo passavam os filmes escolhidos... "Amanhã será tarde" "Ana" "Sabrina" "Direito de Nascer" que enchiam de Amor os corações perdidos...
Se voltares à cidade, Não tragas espanto ou sentimento. A velha cidade donairosa tornou-se nestes tempos a favor de ideias e projetos, que a encheram de ruas e rotundas, de bairros sem flores de praças de cimento, barulhenta, trapalhona, vaidosa.
Se voltares à cidade em dezembro ou em maio esquece as fitas as festas o Liceu... Tudo passou tudo se foi tudo morreu...
Só ficou a saudade... Agora, viva e fugaz brejeira, satírica, mordaz estonteante e ébria passa a cantar de estranho tricórnio A Universidade!