O que fomos, o que mais poderiamos ter sido? E se fingisse-mos; chegariamos a ter vivido alguma coisa real, ou mesmo a realidade desse fingimento? E até quando poderiamos viver desse fingimento? Atiraste-te do penhasco no teu vestido azul, entrei em panico, chorei e gritei e ajoeilhei-me, roguei pragas aos céu e aos Deuses todos; chamei os bombeiros a policia, tudo o que te pudesse e me pudesse acudir. Atiraste-te do penhasco no teu vestido azul ao mar azul... E porquê?... Quando a policia maritima te trouxe embrulhada no vestido azul molhado eu não queria acreditar, perguntei se era brincadeira, e eles algemaram-se e levaram-me à esquadra. Só saí depois de me pagares a fiança e sobre ameaça de processo judicial. "Mas que raio de merda de ideia foi essa???" repeti mais vezes do que contei; "Perdeste a cabeça, pelos vistos perdeste mesmo! Fingir a tua morte para teu divertimente e para veres como eu ficava? Como é que achas que ficava! Abalado? Ou estúpido no meio desta situação toda?" e tu "Eu perdi a cabeça e foi por ti." E que raiva que senti por ti! Mas como eu te poderia julgar de alguma coisa se o condenado a ficar preso por ti sou eu?