Verão, entardecer! A Luz, que pena,
nestes campos, é já morta!
Nada mais neste cenário me conforta,
desce a noite párda mais amena ...
Ao longe, monsaraz estranha
que envolvida está em denso breu,
meu Coração triste chora por não ver o seu
e só é tranquilo neste poema que o entranha!
E fixo esta paisagem perdida,
em minh'Alma arreigada de memória errante,
testemunha que foi da minha Vida:
Olho, fixo e adormeço-a em mim,
pois seus olhos doces rasos d'água são os mesmos que dantes
me olhavam Kármicos sem fim!
Ricardo Louro
Outeiro/monsaraz
Encontrar memórias de uma infancia dolorosa, guardadas num Tempo distante, e olha-las com distancia, frieza ou até indiferença na certeza de que foram importantes para que hoje possa ser quem sou, é a grande conquista que guardo como mensagem neste soneto...
Ricardo Maria Louro