Poemas : 

DEGRAUS

 
Tamanha distância,
Distingue a realidade,
Dos mundos distintos,
Da íngreme escada social.

À cada degrau,
Um mundo avistado,
Um sentido valorizado,
Diferentes brilhos considerados,
Fazendo de cada núcleo, um universo.

À quem falta até o pão,
A realidade medonha do medo,
Por vezes mascarada na fé,
Noutras, nas dores camufladas,
Pelos ramos do conformismo,
Nessa saga de sonhos e espera.

Enquanto os abastados,
Sofrem semelhantes medos,
A deslumbrarem o mundo farto,
Da visão dos elevados degraus,
Donde avistam outros mais ao alto,
E não importa em que cabeças pisem,
Na busca de mais um patamar.

Tamanha semelhança,
Nas aflições conjugadas.

Se para os primeiros,
É o estômago que reclama,
É a esperança que açoita,
Aos segundos, a consciência fere,
Ao menos nos lapsos de lucidez,
Quando os pés queimam,
Nas dores dos degraus em que pisam.

EACOELHO


EACOELHO


 
Autor
EACOELHO
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1020
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/08/2012 20:37  Atualizado: 05/08/2012 20:37
 Re: DEGRAUS
"Estamos realmente num mundo tão, mas tão contraditório poeta:
...e são os abastados que morrem cedo/tarde na fartura (obesos, diabéticos entre outras doenças) e são os pobres que morrem cedo/tarde na miséria (na desnutrição, na tristeza, na solidão, ... )...e na hora da partida todos seguem o mesmo rumo..."Deus escreve direito por linhas tortas"
Abraços e parabéns pelo trecho não indiferente aos olhos dos que ainda pensam na miséria que vai por "este mundo fora"...na busca de um pedaço de pão para matar a fome e na busca de uma gota de água para saciar a sede...
Luzia