Tamanha distância,
Distingue a realidade,
Dos mundos distintos,
Da íngreme escada social.
À cada degrau,
Um mundo avistado,
Um sentido valorizado,
Diferentes brilhos considerados,
Fazendo de cada núcleo, um universo.
À quem falta até o pão,
A realidade medonha do medo,
Por vezes mascarada na fé,
Noutras, nas dores camufladas,
Pelos ramos do conformismo,
Nessa saga de sonhos e espera.
Enquanto os abastados,
Sofrem semelhantes medos,
A deslumbrarem o mundo farto,
Da visão dos elevados degraus,
Donde avistam outros mais ao alto,
E não importa em que cabeças pisem,
Na busca de mais um patamar.
Tamanha semelhança,
Nas aflições conjugadas.
Se para os primeiros,
É o estômago que reclama,
É a esperança que açoita,
Aos segundos, a consciência fere,
Ao menos nos lapsos de lucidez,
Quando os pés queimam,
Nas dores dos degraus em que pisam.
EACOELHO