O Homem não teria nunca de ser como é
Senão fosse teimoso, irredutível, finca pé
Bastava aos outros responder co respeito
E todos sem excepção lhe dariam conceito.
E este maldito vício que o entrega ao vazio
Deixando-o sempre mais só e cheio de frio,
Amarguras lhe traz a vida um eterno inferno
Inda que ele tente mostrar-se sempre terno.
Não é que seja mau mas deveras incoerente
Com o próprio, os outros a vida que escolheu
E ainda pensa que passa incólume pela gente.
Pobre criatura, buscando ávida uma abertura
Para que possa, enfim, o que chamar de seu,
Sem que para isso, seja preciso, uma rotura.
Jorge Humberto
19/11/07