Olho para mim...
Sou um mero objecto renegado.
Sou um quê e um nada.
Sou um triste pobre ser desamparado.
Onde me guias luz da minha estrada?
Para alguns amigo, humano até mais não;
Para outros farrapo onde se limpam as mãos sujas de esplendor.
Ignorado e alienado, sem rumo nem rumor...
Serei eu um simples calado corrompido pela podridão?!
Porque me matam os bons rebeldes?
Porque me enchem de ódio e amargura?
O meu mundo desaba, lentamente,
E com ele da terra se vai a doçura
Com que olhava para esta gente.
Mas sei que sou um zero errante,
Um cobarde que não vive com medo de chorar.
Sou um espelho não humilde como dantes,
Uma alma tão terrena que já as ofensas a podem alcançar!
Como padeço, já se arrasta o tempo silencioso.
Já não ajusto velas como o realista.
Estou louco por entrar em desespero
Sem nada, nem uma misera pista!...
Mas que Te faço, Deus? Que vergonha!
Existes? Ou também acabo estás?
Ouve e sente o que este simples sonha...
Embora não sintas nem ouças, serás disto Tu capaz?
Por cá, esquecido, vou morrendo...
Mas as lágrimas secam rápido, ao sofrer já me habituei.
Olha por outros que Te vão querendo.
Tu não me aceitas (igual a todos!) bem o sei!