Vejo a fome nos teus olhos de vidro
E um reflexo nervoso, da tua palidez
Que deixa na boca, um sabor meio assidro
Formulado no beijo, ao tocar em tua tez...
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Talvez formada pelo medo, ou pela vontade
De não saber fazer, ou como realmente querer
Então ao despir-se, teu corpo revela a verdade
E nas minhas mãos, parece de desejo morrer...
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E deste momento, pinto-a num quadro formoso
Fazendo por um instante tua cor se esmaecer
Então a pince-lo, como um artista habilidoso
Todos os detalhes, que a pouca luz deixa-me ver...
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Mas é no escuro que percorro a extensão de tuas pernas
A minha vitrine viva, em que guarda a chave secreta
Para entrar neste louco mundo em que governas
Onde fixos, nossa alma num único corpo se completa...
~
É como um jogo, e brincamos nesse vai e vem de prazer
E eu quero mais, quando encravado no teu cheiro
Neste poder absoluto, de quem sabe o que fazer
Ao querer beber teu suor, neste calor de janeiro...
~
É o sal da vida, que minha língua recolhe de seu corpo
De todas suas dobras indefinidas, obras bem acabadas
Obras censuradas, nos detalhes de um misantropo
Mas que foram esquecidos, ao ver sua pele arrepiada...
~
E depois querendo que faça de meu corpo a sua sela
Onde cavalgarás nua, caindo em minhas lernas
Puxando minhas crinas, numa fúria que se revela
Ao sentir meu prazer queimando entre suas pernas...
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Então nesse momento tudo novamente ira parar
Pois o mundo ficará mudo, na nossa hora decisiva
Pois tua flor desabrochou no meu galho a aflorar
Demonstrados no prazer, de nossa vitrine viva...
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