O livro caiu-me assim desamparado,
num chão liso de arestas redondas,
as folhas desmembradas
que assim separadas viraram folhetim
de uma novela inacabada,
página por página de letra fina e miudinha,
palavras…mais palavras
derramadas por esse chão que piso
e queria alcatifado de verde.
se consome desfeito
pelo peso das palavras emudecidas,
vejo-as ainda a voltear,
folha a folha,
palavra a palavra
pelo chão que não é meu
até a inércia as calar nesse rodopio que lhes inventei.
Como me alegra vê-las à bolina
sem vento, provocada só pela sua leveza,
palavras que li
e jazem agora num chão que foi meu.
Olho de cima as folhas desconjuntadas
e leio a negrito na última página
a irónica das palavras,
a que eu não queria ler,
mas que procurei sempre
em cada página que virava,
volteada pela ponta do meu dedo
humedecido pela língua lubrica…
…Fim.