Já fui tanto e sou tão pouco...
Deixo-Me plantado na Masmorra do pensamento
Em ocasiões dispersas e plenas de Luz.
Estou estupidamente sentado.
Como se o Universo se desse a adivinhar na palma de um ecrã vazio;
Mas aproveito a calma que Me rodeia
E crio barras de pontos e linhas azuis
Que tentam exprimir categoricamente que o Ser Humano é um tonto!
Seremos, Nós, Ventoinhas fáceis, iguais a tantas, mas preciosas para tantos e lerdas para tantos outros?
A Ventoinha é um objecto estranho.
Vemo-La como esquife em tempos duros,
Em tempos em que se vira inútil e, por isso, arrumámo-la a um canto.
De súbito, vemo-La como a maravilha dos tempos modernos,
Indiferentemente enigmática, mas vital!
E o que somos Nós?
Ventoinhas.
Todos gémeos de rascas e meras Ventoinhas!
Não servimos para nada quando nos é viável dar tudo do todo de Nós,
Sendo, em contrapartida, achados valiosos, quando nos sentimos já gastos e escusados.
É a mania da Nova Era:
Usar, re-Usar, voltar a Usar e Usar compulsivamente até à exaustão,
Para, depois, colocar cuidadosamente na prateleira horizontal e infinita do esquecimento.
Mas já é Tarde para modelar barro podre e oco.
Já é Tarde para condecorar os tesouros desperdiçados na areia.
Já é Tarde para Amar paredes discretas de harmónica simetria e precisão únicas.
Já é Tarde para escrever...
Parto o último pedaço de Chocolate
(Um prodígio de Sempre,
Que concede o maior dos prazeres de Sempre,
Mesmo sabendo-o perdido para sempre)!
Fecho a Masmorra, vou-Me deitar...<br />Quando o que nos rodeia parece adquirir mais sentido do que o próprio sentido do sem-sentido...