Poemas : 

O menino, de nada sabia

 

O menino, de nada sabia


Da carne flácida, do ardor no estômago
Do amargor, travo na língua
Da imagem sem cor, desfocada
Cinza
Da certeza da dor, da memória perdida
Da pútrida inércia, da nauseante apatia
Da melodia mesquinha, da avareza da vida
O menino! O menino, de nada sabia.
Nem da sordidez, nem da vilania
O menino não sabia da grande ironia.































 
Autor
KássiaReis
 
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Enviado por Tópico
Juba.Cardozo
Publicado: 18/07/2012 06:29  Atualizado: 18/07/2012 06:29
Participativo
Usuário desde: 15/05/2012
Localidade:
Mensagens: 38
 Re: O menino, de nada sabia
bom demais...
abraços

Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 24/07/2016 12:36  Atualizado: 24/07/2016 12:36
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: O menino, de nada sabia
De uma doçura embriagante (que não oculta a dureza do que diz), o poema conduz-nos, verso a verso, perante a inocência de um olhar meigo de menino que ainda não sabe “Da carne flácida”, “do ardor no estômago”, “Do amargor”, “Da imagem sem cor”, “Da certeza da dor”, “da memória perdida”, “Da pútrida inércia”, “da nauseante apatia”, “Da melodia mesquinha”, “da avareza da vida”.
Não há “sordidez”, não há “vilania” nestes olhos isentos de cinza.
Nem o menino sabe da “grande ironia” com que aqui mostras o que queres mostrar como se não o mostrasses, na ironia deste poema que se faz doce para mostrar o quão acre pode ser o mundo.
Gosto.