Tudo se conjura para a felicidade máxima:
Duas Almas, estranhas aos comuns mortais ingénuos,
Encontram-se invejavelmente unidas até à medula óssea.
Catapultam de um para o outro
Cristalinas delícias de monges e mundanos
E dão nós ao seu coração para se atarem eternamente!
Mas eis que cometas de vida
Se podem transformar em Bomba de destruição.
E, por isso, a riqueza amargamente conquistada
Deixa-se perder no túnel impenetrável do desassossego!
Surgem bancos espremidos pelas barras verticais de betão,
Às quais se entrelaçam postes projectando luz esguia e vã.
Onde se encostam esqueletos apalermados
(Lutando entre si pela atenção merecida aos olhos do Superior)!
Ao mesmo tempo, nesta pintura, as Duas Almas,
Cobertas pelo odor pungente da família industrial
E atacadas pela pureza putrefacta da água vinda do nada imenso,
Acanham-se ao desespero da aborrecida sociedade feita ao segundo!
Pasmam-se com a porcaria da produção do Homem moderno
E pasmam-se ainda mais com a incapacidade de organizar uma contra-ofensiva eficaz dirigida ao inimigo.
Acabam por render-se!
Porém, as Bombas de destruição podem, também elas,
Converter-se em resgates do Herói da vida.
E a porcaria que é o Consumo e o Tempo
Vê-se incapaz de abranger e atingir os não-apalermados.
(Jóias raras neste espaço que se desmorona e desfaz)!
E, assim, as Duas Almas salvaram-se da Modernidade
E receberam como prémio o bafo da felicidade máxima
Que jamais lhes será usurpada
Mas que continuará a ser por muitos invejada!<br />à partida um título não tem necessariamente expressa a vontade do poeta: decifrem-no!