É nas pessoas que se conhece o mundo
Às costas, carrego uma obra em ruínas
Em pedregulhos, o entulho da vida
Que vou largando na berma da estrada
Se a subida fica íngreme
Bebo vinho, cambaleio, mas sigo em frente
Dêem-me ópio da china
Para sair fora de mim
Revivo os meus dilemas em silêncio
Deixo os mortos para trás
Mais as dores ao abandono
Para aliviar o peso, porque ainda me falta caminho
...
As juntas já vertem diesel sobre as plantas
Porque, inevitavelmente a máquina fica com folgas
Paro, por fim, na oficina do tempo
Finjo acreditar, finjo ser a falsa verdade do mundo
E espero a minha vez ao lado de Newton
A vida é um alpendre invisível
De tábuas velhas que rangem aos passos
Espanta espíritos magnéticos
E cadeiras empoeiradas
Com vista para um horizonte de macieiras
Todas em desconto de fim de estação
É só nas pessoas que sinto gravidade.
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.